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Governo pode economizar até R$ 100 bilhões em 2024 em gastos por conta de cortes nos juros
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Esse contexto possibilita um crescimento menor na dívida pública brasileira, apresentando impacto nas expectativas do mercado financeiro e dos investidores sobre a sua sustentabilidade.
- Por Camilla Ribeiro
- 05/08/2023 16h20 - Atualizado há 1 ano
O Banco Central iniciou nesta semana um ciclo de corte da taxa Selic.
Com esse corte, será gerado uma economia nos gastos com juros da dívida pública e possibilitar um crescimento menor na dívida pública brasileira.
Essa redução de gastos ocorrerá porque mais de 40% da dívida brasileira em títulos públicos somando R$ 6,19 trilhões somente em junho deste ano e está atrelada aos juros básicos da economia.
Portanto, quando os juros caem, ao mesmo tempo também provoca um recuo sobre a despesa com juros projetada para os próximos meses.
Além do impacto direto causado pela queda dos juros, as novas emissões de títulos prefixados (cujos juros são definidos no momento do leilão) também ficarão mais baratas.
Segundo Gabriel Leal de Barros, economista da Ryo Asset, a economia com o pagamento de juros da dívida será de R$ 80 bilhões em 2024.
Esse valor estimado embute a queda já ocorrida de 0,5 ponto percentual desta semana, para 13,25% ao ano além da projeção do mercado de que a taxa irá recuar para 11,75% ao ano no fim de 2023 (com base em indicações do próprio Banco Central).
"A importância [do corte de juros para as contas públicas] é grande pelo contágio da Selic para os demais indexadores da dívida. Cerca de 47% da dívida é Selicada [indexada ao juro básico da economia], é uma parcela substancial, o efeito é bastante relevante e imediato", avaliou o economista Gabriel Leal de Barros, da Ryo Asset.
De acordo com o economista-chefe do banco Master, Paulo Gala, considerando o corte de dois pontos percentuais nos juros neste ano, projetado pelo mercado, a economia seria justamente de R$ 80 bilhões em 2024.
Se esse cálculo levar em conta uma queda maior, para até 9% ao ano na Selic, projetada para ocorrer no decorrer do próximo ano, o valor da economia sobe para R$ 100 bilhões no ano que vem, estimou o analista.
"A dívida pública vai crescer a uma taxa menor [com a despesa mais baixa com juros]. Isso também ajuda muito. O déficit primário [nas contas do governo] esperado para o ano que vem é de R$ 100 bilhões. Daria praticamente o déficit esperado para o próximo ano", declarou Paulo Gala, do banco Master.
No mês de junho, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, fez um cálculo que se a taxa básica de juros estivesse em 10% ao ano.
Em vez dos 13,75% ao ano que vigoravam naquele momento, a economia nos gastos com juros da dívida pública permitiria o pagamento anual de quase um Bolsa Família.
O orçamento do Bolsa Família é de cerca de R$ 170 bilhões por ano.
"Não estou dizendo que deveria ser esse valor [para a taxa Selic, fixada pelo Banco Central para tentar conter as pressões inflacionárias] mas, se ela fosse, ao invés de 13,75% [ao ano], fosse 10% [ao ano] a Selic atualmente, você teria quase um Bolsa Família por ano economizado em termos de juros que estão sendo pagos na dívida pública", afirmou ele, naquele momento.